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Estratégias e Partido

O que vem primeiro? A estrada ou a casa?

A estrada surge como significante de liberdade e necessidade, de se mover para outro lugar e encontrar oportunidades de vida. Hoje é ressignificada como passagem em alta velocidade e transporte, tornando-se uma experiência privada limitada pelas suas bordas e velocidade.

A ocupação do DF é marcada por desterritorialização e expulsões, seu desenho urbano desde o plano piloto faz questão de afirmar a desigualdade de acesso à terra e moradia no Brasil. Mesmo observando o território do DF a partir de um pluricentrismo, a tendência é que os agentes atuantes na especulação imobiliária do espaço continuem a expulsar populações rurais-urbanas e economicamente desfavorecidas. É nesse contexto que regiões administrativas, como Samambaia, com tendência e sentido de crescimento populacional e econômico sofrem transformações em seu espaço. Ainda assim é possível esbarrar em pontos de resistência, que partem de um primeiro compromisso com a necessidade de sobrevivência, tanto nos centros das regiões mais urbanizadas, quanto em zonas mais rurais.

O espaço geográfico de Samambaia é demarcado em um trecho ao sul pela rodovia BR-060, partindo do DF até o Mato Grosso do Sul e cortando as capitais Goiânia e Campo Grande. É responsável por um importante fluxo comercial entre essas cidades. É no limite de Samambaia também que esta rodovia converge com a DF 280, por onde flui o deslocamento sentido oeste a partir do DF. A partir de um atencioso olhar cartográfico, identificamos um desenvolvimento no limite do rural e urbano, bastante particular nesta região e é exatamente nessa encruzilhada que encontra-se um assentamento que nos interessou pesquisar.

Neste encontro à beira da estrada, localiza-se o Acampamento Che Guevara, criado em uma área de grilagem, com famílias dissidentes de outro acampamento, ocupado em fevereiro de 2017 com a bandeira da FNL, Frente Nacional de Lutas Campo Cidade. Observando as imagens de satélite, podemos identificar que desde essa primeira ocupação, o acampamento mais que triplicou de tamanho, ampliando suas fronteiras até o que parece ser o limite do lote vizinho.

acampamento che guevara 2.png

Ainda não regularizado, porém, os lotes no seu interior são bem demarcados e hoje pode-se identificar quatro ruas principais no sentido norte-sul que ocupam as frentes dos lotes, cortadas transversalmente a cada aproximadamente 200m. É comum que esses grupos que vivem em assentamentos sejam versados na divisão e distribuição dos terrenos às famílias, ali, os lotes têm cerca de 15 x 30m.

O território significa fronteira, nossa intenção projetual é torná-las agradáveis e menos duras com o desenho de espaços de uso coletivo nas bordas dos terrenos além de ajustar com mais detalhe as divisões internas das ruas e dos lotes. Criar espaços de coletividade pode ressignificar os encontros, articulações e necessidades desta comunidade e também promover uma melhor conexão com a estrada e outras partes de Samambaia.

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